Descrição
“O Direito é, ao menos em parte, aquilo que nós acreditamos que ele é; o Direito serve, ao menos em parte, para aquilo que nós achamos que ele serve. É isso que Coletto chamará, ao longo de todo o livro, de cultura. ... Trata-se, pois, da interação entre virtudes e instituições, que Coletto assume como fio condutor de todo o seu trabalho, permitindo-nos passear, com objetividade, pela tradição política do Ocidente sem o cacoete de buscar rupturas inconciliáveis, mas ideias políticas e jurídicas que, se nascem entre os clássicos, podem ser atualizadas na modernidade. ... Coletto examina a tradição republicana para, de maneira esquemática, dizer-nos o seguinte: a Constituição republicana exige, como condições objetivas, o governo misto (limitação do poder e moderação), o governo das leis (o Estado de Direito como antídoto contra o arbítrio) e o governo dos muitos (participação política) ...
Em tempos de sofisticação hermenêutica e de compromissos unânimes com a “ideologia dos direitos”, nunca o poder esteve tão oculto e, ao mesmo tempo, tão claramente exercido. De todo modo, para que entendamos por que isso é assim, para que entendamos por que chegamos até aqui e por que temos dificuldades para lidar com tudo o que informa e conforma o poder político, o resgate do vocabulário, que é uma das missões de Coletto, é um bom começo. E este livro é uma excelente oportunidade para isso.”
Do Prefácio, por Pedro da Silva Moreira